Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que há 370 mil usuários de crack nas 26 capitais e no Distrito Federal. Os homens ainda são maioria, mas o número de mulheres, inclusive grávidas, viciadas está aumentando. Além disso, elas consomem mais pedras de crack diariamente. Enquanto os homens fumam em média 13 pedras por dia, as mulheres chegam a fumar 21.
Violência sexual e o risco aos futuros filhos
Ainda segundo o estudo, mulheres fumam mais pedras por dia do que os homens porque elas conseguem, muitas vezes por meio da prostituição, mais dinheiro para comprar a droga. Mas as mulheres também afirmaram sofrer violência sexual, com 44,5% das entrevistadas dizendo que já sofreram abuso, o que resulta no alto índice de gravidez entre as viciadas, 10%.
Juntando o maior uso de pedras, a troca de pedra por sexo e a violência, vê-se aí a possibilidade de haver uma gravidez indesejada no percurso deste uso, o que vai gerar os chamados dos órfãos do crack.
O uso do crack durante a gravidez afeta diretamente o bebê. Tudo o que circula no corpo da mãe também circula no corpo da criança, inclusive a droga. A substância pode interferir no desenvolvimento da placenta, que pode se descolar do útero. O bebê corre o risco de nascer prematuro. Além disso, o crack influencia na formação do sistema nervoso do feto.
O bebê nascendo com pouco peso, com uma possibilidade menor cerebral, apresentando alguns dos sintomas relacionados com o uso do crack da mãe. Por exemplo, ele pode ter convulsões ao nascer, ter tremores, ser um bebê irritadiço, que se assusta com facilidade, que com qualquer movimento, qualquer pancada ele responda ansiosamente. Tanto pesquisas nacionais como internacionais mostram que talvez o maior dano provocado à criança pelo uso do crack pela mãe, seja um dano tardio. Como o crack vai mudar a configuração cerebral, influenciar nas sinapses, nas conexões cerebrais. Tardiamente, em torno de 6, 7 anos, quando ele entra no período escolar, ele vai ter uma grande dificuldade de aprender conceitos, grandes dificuldades cognitivas, principalmente na aprendizagem da matemática.
O filho de uma dependente de crack também pode desenvolver o transtorno do déficit da atenção e hiperatividade (TDAH). São crianças hiperativas, inquietas e que apresentam essa dificuldade no aprendizado.
Fonte: G1